
tomamos por razão algo que se diz certo ou aceitável. escolhemos os padrões que nos acostumamos a reproduzir e, por vezes, fincamos os pensamentos em coisas que não entendemos e nos escapam da racionalidade.
noites mal dormidas são dedicadas ao inaceitável, ao que não compreendemos, ao que queremos consertar. as vezes que viramos na cama, espantando os sonhos, buscam o certo. o que eu disse quando não queria? o que eu faria e não posso? quais são as palavras que eu gostaria de escrever? “se” e muitos “se” nascem em uma cabeça que se acostumou a construir pequenos cenários de incertezas.
os mistérios são pouco atraentes quando as noites se alongam em insônia e desconforto. quando os pensamentos se espalham em hipóteses, ideias que se confirmam no raiar do dia serem impossíveis (ou pouco possíveis) de se concretizar.
mas e quando os “se” e os sonhos que forjamos acordados são tão mais interessantes do que é o certo? talvez por isso o sono demore a chegar, quando nos acolhemos em pequenos detalhes que fariam a vida diferente e mais poética.
depois de reconquistar o sono, ficar acordada é um temor, mas também um universo de possibilidades. sem imaginar e escapar do concreto, talvez eu nem conseguisse escrever ou voltar a ser na realidade quem pretendo ser.