
atravessei a cidade sem mapa, me perdi correndo em ruas desconhecidas. sem endereço, placas ou números. desesperada, não encontrei minha casa.
virei esquinas e dei de frente com o mais obscuro dos caminhos, aquele que gela o sangue, amedronta e seca a boca. me perdi de mim e quando vi, estava sozinha e sem rumo.
tudo que era conhecido se desfez e entendi nada. segui tateando o escuro com um nó no peito e um peso no estômago. precisava continuar, mas não sabia como, nem a direção a seguir.
me encolhi, abracei as pernas, fiquei pequena e queria sumir. no chão, ouvi uma voz suspirar: respira. respira. respirei. respirei. senti o corpo aquecer, os músculos distenderem e as dores começaram a se desfazer.
com o calor, enchi o coração de coragem e abri os olhos. foi quando me ergui, fiquei gigante, reapareci e vi que estava de volta à casa.