
quando isso tudo acabar, respiraremos fundo em céu aberto, sentiremos cada centímetro de pele de desconhecidos.
quando isso tudo acabar, olharemos pra cima, sem enxergar o chão onde a gente pisa.
quando isso tudo acabar, sentiremos o sol queimando a pele até o corpo não aguentar.
quando isso tudo acabar, andaremos em bloco, dançando música alta em uma das ruas do centro.
quando isso tudo acabar, sentaremos à mesa, nos servindo dos mesmos pratos e dividindo talheres.
quando isso tudo acabar, brindaremos em copos mal lavados passados de mão em mão.
quando isso tudo acabar, a lei dos 10 segundos voltará ao vigor para alegria das mães.
quando isso tudo acabar, ficaremos bem perto até que não falte espaço nos bancos da praça.
quando isso tudo acabar, não esqueceremos do que nos foi roubado.
quando isso tudo acabar, ainda contaremos e lembraremos os mortos.
quando isso tudo acabar, saberemos quais mãos carregam sangue.
quando isso tudo acabar, as horas durarão menos e haverá urgência em existir.
quando isso tudo acabar, não teremos hora de sair tampouco de voltar.